quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

atiradores-de-toalha-ao-chão

Em boa verdade entristece-me saber, de ciência quase certa, que o país vai ser entregue aos defuntos guterristas, a uma trupe formada por “atiradores-de-toalha-ao-chão”. E é mais triste, ainda, esta sensação de solidariedade insossa para com o PSD, um partido que soube desperdiçar em tão pouco tempo uma oportunidade quase única de renovar Portugal.

Sinto uma compaixão irónica, coisa esquisita, pelos eleitores do PSD, que andam aflitos sem saber bem o que fazer. Ainda hoje ouvi um militante dizer, à boca cheia, que vai votar na “alternância”. Mas o que é isto?

E depois disto tudo só me apetece dizer:

"O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul."


Amoras, de Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")

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