No dia dezassete de Dezembro de 1988 este que vos escreve tinha 22 anos, já adiantados, e, puto do caraças, andava mais tonto do que uma barata. A sua jovem mulher estava no Hospital de S. João, no Porto, em trabalhos de parto. Sabia o puto que ia ter uma filha, de modos que só ansiava o tal momento, o momento de esplendor. De maneiras que o puto foi a uma loja de fotografia e comprou a máquina mais barata que lá havia, correndo a bom correr - de autocarro - para o hospital, onde o aguardava uma longa espera pela tarde dentro. Eram “cinco menos dez” e a notícia chegara finalmente: a Catarina estava bem, junto de sua mãe. No momento em que o bebe foi levado para um outro piso, a enfermeira que o levava ao colo foi forçada a percorrer a caixa das escadas, onde eu estava – aquilo não era um Ordem Hospitalar. Olhei a criatura, a minha criação espontânea, e peguei-a no colo. Era pai.
Hoje continuo pai, da Catarina e do Alexandre, e sei bem que os meus filhos me estão a preparar as homenagens da praxe, os trabalhos manuais zelosamente orientados pelos professores (a Catarina já não alinha nisso, obviamente), e, quando chegar a casa, noite dentro, vou receber um beijo bom, simples e de amor.
Neste “dia do pai” desejo a todos os pais deste mundo que possam fruir da imensa ternura dos filhos, de momentos destes que nos fazem acreditar, por uma vez que seja, no maravilhoso da vida.
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