terça-feira, 22 de junho de 2004

pois

Caro Rui, ainda bem que tu estás aí, sempre atento e disposto a contribuir com o teu bom senso. Sempre de olhar arregalado, apontando a injustiça, e de mão aberta, indicando caminhos.
O país está em crise sim. Eu estou em crise. Nunca passei por momentos tão complicados na minha vida profissional (esta coisa de ser empresário não é bem o mesmo que ser funcionário público). Mas Rui, sabe-me tão bem esta alavanca do futebol...

Tu sabes que a religião é, antes de tudo, uma alavanca que sustenta a vida das pessoas, as faz acreditar. O futebol não é, obviamente, uma religião, mas tem sabido tão bem a tanta gente que passa mal. Porque uma coisa é tu saberes que o país está mal, outra, bem pior, é tu estares directamente e inapelavelmente afectado por isso. E sonhar é muito bom, é um momento que sai, que deixa de estar no outro momento, o da inquietação.
É um paliativo, dirás. Mas faz o seu papel, alivia a dor e pode catapultar a vida de muita gente.

Quantos portugueses que passam mal hoje, ao terem o futebol, essa coisa menor, ao viverem esta euforia frívola, passaram a beber menos, deixaram de se drogar? Quantos portugueses, na falta do pão, da confiança, da serenidade deixaram de ser ainda mais violentos em casa, por viverem estas alegrias? Quantos portugueses passaram a amar mais, a entregar-se mais, a sorrir, só porque uma selecção os faz sonhar? era bom que alguém pudesse contabilizar isto, sabes Rui?

E fico-me por aqui, amigo, porque estou com ganas de me atirar contra todos aqueles que falam da crise mas vivem como "lordes". E obviamente tu irias ficar a pensar se eu te tenho assim em tão má conta. E tu sabes que não( e nem sei se retire este parágrafo, tão certo estou de que esses, os tais "lordes", se estão borrifando para esta treta franciscana).

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