(Dedico este post ao amigo Alex)
Coimbra sempre foi uma cidade mítica para mim. Desde miúdo que via aquela cidade com olhos de quem sonhava um dia habita-la, porque sabia-a de grandes homens como Torga, por exemplo. Em passeios escolares, daqueles passeios em que andamos com um olho nas miúdas e o outro nos monumentos, ficava ali a olhar para aquela torre, tão pequena mas tão eloquente… Com o passar dos anos e frustrado o desejo de “tirar um curso” (a vida, meus caros, ai a vida, não deixou) passei a olhar Coimbra com uma certa nostalgia daquilo que poderia ter vivido e não vivi. Aquela cidade linda passou a ser apenas uma etapa das minhas viagens a Lisboa. Passava a correr, almoçava no Rui dos Leitões ou no Manel Júlio (penso que é assim o nome da tasca) e olhava a “alta” com gosto. Já o mesmo não acontecia quando passava na baixa coimbrã. Aqueles prédios velhos, feios e desgastados davam-me uma sensação de abandono, de cidade sazonal.
No passado ano fui a Coimbra ver Lou Reed, numa praça bonita, quase gótica, e com uma plateia atenta e conhecedora da boa arte do velho Lou. Saímos tarde de Gaia e decidimos rumar directos ao local do concerto, comprar bilhetes e depois comer alguma coisa. Que desalento. Naquela Praça enorme só via bancos e portas fechadas. Nenhum local aprazível para uma bucha. Havia uma Pizza Hut e um MacDonalds, só isso. Cheios de gente. O staff do cantor estava todo na casa dos hamburguers. Foi o pasto possível, enfim. Depois do concerto ainda vagueámos pela cidade; nós os portuenses somos assim: gostamos de conhecer, de “desbundar”. Foi então que vi uma cidade defunta, morta de tudo, uma tristeza. Nem por isso deixei de gostar de Coimbra, nem tão pouco das pessoas. Não vi ares de violência, porque não vi ninguém. Um pasto. Viemos para o Porto, para o nosso canto sujo e negro e acabámos a noite nos nossos sítios.
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