Eu tenho de escrever qualquer coisa sobre a previsível nomeação de Jerónimo de Sousa para secretário-geral do Partido Comunista Português.
Sou comunista, embora não militante, e portanto, devo confessar que a notícia de hoje me afecta particularmente.
A um comunista como eu nada se pede, nada se exige, dada a sua independência, de facto, em relação aos circuitos de poder. Mas de um comunista como eu pode esperar-se uma opinião, sem se estar à espera de uma certa “barnabeização” (arre diabos, que palavrão!) da coisa. Não acho nada que isto seja uma má notícia para a esquerda, se quiserem. Acho que isto é apenas uma péssima medida para os comunistas.
Um comunista não anda no bloco nem se alia a bem-falantes, betos de charro na beiça e calças coçadas, embora caríssimas e de marca.
Um comunista deve pensar comunismo. Daí que eu tenha ficado desiludido. Porque espero ainda uma renovação dentro do partido, porque desejo uma mensagem nova de esperança e de capacidade de trabalho e porque me revejo no desaparecido João Amaral, no seu legado.
Fico desiludido, portanto.
Ainda para mais numa época em que muita gente necessita de um PCP realmente capaz de acrescentar um gesto de dignidade à vida politica portuguesa. Vejam bem o que se passou hoje no parlamento: show off, apenas e só show off. Há alguém, alguma força politica, algum grupo de reflexão realmente capaz? Não há. O país está falido de valores, meus senhores. O nosso país já não vai lá só com “pachecos” e “marcelos” (simples criações do “show-business” politiqueiro). O nosso país precisa de um braço realmente amigo, um braço decididamente acolhedor. E Jerónimo de Sousa não fará outra coisa que não seja dançar, e mal, uma ou outra marcha popular que lhe venha a ser destinada pelo mestre-de-cerimónias deste folclore nacional.
Fico triste pois.
1 comentário:
Carvalho da Silva: um homem que teria todas as condições para dobrar os deputados do PCP e arrumar os meninos queques da FEC/UDP. Pena...
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