sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
dos blogs
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Core Ingrato
Core ingrata (canción napolitana)
Catarí, Catarí, pecché me dici
sti parole amare;
pecché me parle e 'o core me turmiente,
Catari?
Nun te scurdà ca t'aggio date 'o core,
Catari, nun te scurdà!
Catari, Catari, ché vene a dicere stu parlà
ca me dà spaseme?
Tu nun'nce pienze a stu dulore mio,
tu nun'nce pienze, tu nun te ne cure.
Core, core 'ngrato,
t'aie pigliato 'a vita mia,
tutt'è passato e
nun'nce pienze chiù!
domingo, 16 de dezembro de 2007
reentrares
Sei que gostava tanto de voltar a entrar dentro dele com todas as minhas forças.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
tratados
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios..."
in Cântico Negro de José Régio
Hoje há mais um tratado para tratar e há festa e polícias a cortar o trânsito e fotografias oficiais e os Jerónimos. E está frio lá fora. Nada de novo.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
atrevo-me
"He came dancing across the water
Cortez, cortez
What a killer."
Entretanto, ordeno-me que oiça Neil Young. Bom sinal (nesta época do ano não há melhor eucaristia)!
Sinto-me um "Cortez What a Killerrrrr" que precisa de redenção, e no entanto cada rasgo de guitarra surge-me como uma cimitarra que me golpeia as entranhas do pensamento. Rasgos prolongados que me levam à terra do nunca, onde posso dar os passos que não dou e onde vejo as formas que não toco e onde percebo as palavras que não sei.
Depois desta perene oração levanto-me ligeiro e, olhando o "lá fora", vejo o tempo bom, as flores dormentes e os pássaros obreiros. E vejo a tinta da minha alma caiada numa parede lisa e atrevo-me tocá-la em tentativa mordaz de me doer.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
hoje de manhã
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.
Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.
Alberto Caeiro
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
The Drunken
What does the deep midnight declare?
"I was asleep—
From the deep dream I woke and swear:
The world is deep,
Deeper than day had been aware.
Deep is its woe;
Joy—deeper yet than agony:
Woe implores: Go!
But all joy wants eternity—
Wants deep, wants deep eternity."
Nietzsche
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
devoluções
terça-feira, 27 de novembro de 2007
difusões
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
prazeres
Virar o barco é uma coisa bárbara. Um tipo fica assim a modos que com muitos calores e de repente apanha-se prostrado sobre uma sanita, o mais kunderiana possível já agora e que me deixe ver as entranhas da terra mais o inferno e as chamas que ardem de um fogo irresistivelmente atraente, e enquanto deita tudo borda fora, a alma inicia o seu único e verdadeiro momento de indispensável reciclagem.
Pronto, foi isso; é isto que me acontece sempre que viro o barco. Fico liso na mente, asseado na compostura e remeto-me sempre para as coisas da alma. Depois faço um Spa de infusões quentes, uma sauna de chá verde e umas bolachinhas maria. E deixo-me ficar muito quieto e talvez compre um livro de contos. Tão bom!..
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
despertares
domingo, 11 de novembro de 2007
andamos sempre!
sábado, 10 de novembro de 2007
miserável honestidade
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
de lírios no meu tel visor
terça-feira, 30 de outubro de 2007
contradições (ou o que é feito da tradição?)
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
calabouço
De papalvo não me tenho eu, graças ao Divino...
Agora deprimente, deprimente...
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
a cantar as janeiras o ano todo!
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
os senhores calam-se?
O Povo português é uma cambada de desgraçados, atiram-nos. Por mim acho muito bem que o povo português se manifeste, que saiba ser solidário e saiba aplaudir quando assim o entender e que saiba condenar e condene quando assim o entender também. E em nome do povo português eu apelo aos senhores comentadores e psicólogos, aos especialistas em codex facial e aos formados em cadeiras estranhíssimas da psicologia e da sociologia, e aos da ciência forense e aos da crónica policial, aos padres e aos advogados: os senhores calam-se?
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
coisas quase completamente despercebidas III
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
coisas quase completamente despercebidas II
terça-feira, 4 de setembro de 2007
coisas quase completamente despercebidas
Red Bull Race na minha cidade. Multidões a ver os aviões. Boa malha para a metropole do Porto. Não fui. Não me arrependi.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
ele ainda mora ali
Ontem, o Benfica era uma banda deste calibre. Mentirosa. A aficion tinha ido a Lisboa para ver um espectáculo e saiu de lá desiludida. Valeu-lhes um velho solista, já quase sem força para os " encores", já quase sem voz para as melodias , mas cheio de uma certa vitalidade inspirada, sabe-se lá, no velho Neil Young, ou, em certos momentos, em Lou Reed, mais melódico e subtil. Enfrentou o público, de lenço vermelho ao pescoço, fechou os olhos e lembrou os melhores concertos, os melhores acordes, os gestos, o públco e a glória. O "velho" benfiquista salvou-nos. A nós e a um tal Engenheiro...
sábado, 11 de agosto de 2007
invejas
regressos
domingo, 22 de julho de 2007
quarta-feira, 20 de junho de 2007
de profundis
Never hurry, take it slow
Things worth while need time to grow
Little man
Don't look back
There are things that might distract
Move ahead towards your goal
And the answers will unfold"
Tom Waits (orphans)
sexta-feira, 15 de junho de 2007
dia sexto
quinta-feira, 14 de junho de 2007
quinta-feira, 7 de junho de 2007
conversas filiais
quarta-feira, 30 de maio de 2007
esta morrinha
E se ligarmos este momento, ao momento mais estúpido e, ao mesmo tempo, mais saboroso da vida de um homem a acordar neste pranto de emoções, neste "emotional weather report", que é o momento em que ficamos prostrados em frente à torradeira, pacientemente à espera que o pão salte, numa exclamação de tão autêntica prontidão, de charme e classe, dependendo muito, neste caso, da coçadela das partes baixas por de entre o pijama "negligé", então esta morrinha vele mesmo a pena, porque se percebe, afinal, que atingimos um carma verdadeiramente "himalaio". Estamos nas nuvens, pois, no momento imediatamente antes do vitorioso salto do pão tostado, daquele instante jamais fotografado, daquela imagem de cheiros e sabores que o cérebro recolhe em amostras pictográficas, que se confundem com o impulso de comer e o outro, o de mijar antes que a torrada salte. Ainda é preciso mijar aquele nico de cerveja da noite anterior, ainda é cedo para a manteiga e o leitinho com café.
Naquele minuto, a nossa vida enche-se de stress. É o minuto mais fundamental e determinante da vida de um homem de quarenta anos.
domingo, 27 de maio de 2007
com tomates
Na verdade, este blog já teve mais tomates. Agora está meio pastelão, uma contradição assente numa verdade cientifica, a constatação de que este que vos escreve sabe bem que a partir do momento em que fez quarenta anos está condenado a ver os seus tomates crescerem e o seu pirilau diminuir. Que horror! Que falha grave da natureza! Obrigado à Maria Árvore por ainda vislumbrar o meu tomatal no meio de tanta parra e pouca uva.
Aqui fica, pois, a minha short list dos blogs com mais tomates que estão na minha lista de links:
blogame mucho ( este, para além de tomates, tem também publicidade, o que é óptimo!)
siteDaqui
uma sandes de atum
chez maria
ana de amsterdam
Há mais, obviamente, mas não quero fazer disto um frasco de ketchup!
conversas filiais
Pois é meu filho. Agora fiquei convencido de que já é altura de te oferecer um Yornzito, disse eu para comigo...
segunda-feira, 21 de maio de 2007
domingo, 20 de maio de 2007
sábado, 19 de maio de 2007
como a comida inglesa
Hoje regressei às "Pedras" com framboesa. Estou, pois, em lavagem do tonel, a minha barriga de quarentão que parece não resistir aos meus instintos de esponja.
A noite passada foi pesada e isto de ter amigos solidários que nos acompanham nos copos, isto de emborcar cerveja a metro, isto de ter sempre sede e depender tanto de umas goladas, e os fumos e as gargalhadas e a noite a fugir para detrás do sol, e eu a emborcar, etílico sem sentimentos, irresponsável, bêbado e consistentemente sequioso, isto, dizia eu, tem de acabar um dia.
E hoje estou a águas, portanto. Se bem que a água é qualquer coisa que o meu organismo estranha. Mas tem de ser, de modos que lá mais para a noitinha vou encostar-me no velho sofá, ver os dois filmes da RTP2, vou fumar apenas um cigarro e vou soltar gases livremente. Como um burguês na sua intimidade, vou espraiar o meu fígado e dar-lhe canjinhas e infusões. E amanhã hei-de acordar cheio de sede outra vez.
Sinto-me como a comida inglesa: sem solução. Isto tem de acabar!
sábado, 12 de maio de 2007
sexta-feira, 11 de maio de 2007
grandiloquências
Gostava muito de ter visto este senhor David Beckham sentado defronte às câmaras de televisão a apelar pelas crianças vítimas dos mais bárbaros massacres e que são mortas aos molhes, sem dó nem piedade. No Darfur, no Iraque ou em qualquer outro sítio do "lado de lá"... Não, não vale a pena. Essas Madeleines não existem, definitivamente.
quinta-feira, 10 de maio de 2007
iguarias ll
iguarias
sábado, 5 de maio de 2007
sexta-feira, 27 de abril de 2007
o velho da morada
Eu gostava de saber ao certo quem foi este português de outros tempos, talvez dos tempos anteriores à Portugalidade.
das radios
sexta-feira, 20 de abril de 2007
novas oporunidades ponto gov ponto pt
Pessoalmente sinto-me ofendido, porque eu sou um trolha, sou um operário fabril e sou um camionista, ou mesmo um simples "lixeiro". Mas sou um profissional digno, trabalho todos os dias com honestidade e sinto-me ofendido quando me representam em grandes cartazes, ridicularizado, marginalizado, como se a minha actividade não tivesse honra nem dignidade. Como se um profissional concreto, de uma actividade concreta fosse o cancro desta sociedade estéril e não produtiva, desta sociedade em que o funcionarismo público e a cunha e o emprego de favor grassam por aí, de cima a baixo, como pulgas em cão vadio.
Qualquer dia, de tantos doutores e engenheiros neste país,não haverá quem nos possa servir um simples café sem este cenário mais ou menos virtual: "senhor doutor, eu queria um café curto se faz favor e já agora diga ali ao doutor que me engraxe os sapatos e peça à menina Judite um maço de tabaco. Desculpe, menina não. Engenheira".
terça-feira, 17 de abril de 2007
de espanha
E nós aqui a definhar com tanto orgulho...
domingo, 15 de abril de 2007
é bom
quinta-feira, 12 de abril de 2007
toma lá o meu sudário
O Plano Tecnológico, a grande bandeira eleitoral deste político, ficou nos moleskines dos entrevistadores e a "Questão da Ota" foi aflorada muito superficialmente. Isso não era relevante, não tinha "sound bytes" bastantes. E o melhor veio a seguir à entrevista, com os canais televisivos de informação a fazerem desfilar todos os "impolutos virtuosos" necessários para cuspirem no pecador.
Sócrates, toma lá o meu sudário porque eu hoje sinto-me a tua Maria Madalena.
terça-feira, 10 de abril de 2007
pesadelos
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Dr Knock, ou a importância de se chamar doutor
Em Espanha, por exemplo, o doutor Sanches é tratado por Sanches e o engenheiro Manolo é tratado por Manolito... Já em Portugal, os licenciados são tratados por doutores, os bacharéis são tratados por doutores, os professores de moral são tratados por doutores e os professores de EVT, serralheiros e carpinteiros recauchutados, são também religiosamente tratados por senhores doutores. Tudo a título de "doutor da mula russa". Até os vendedores de "acesso directo" da Novis se acham no direito de serem tratados por "voice engineers". E os cangalheiros, e os portageiros (grande profissão esta), e os porteiros de discotecas? Fácil. Se forem a um desses restaurantes de rodízio brasileiro estou certo de que serão abordados por um empregado de mesa do sertão que lhes dirá insistentemente: - vai uma caipirinha doutô? até ia...
sábado, 7 de abril de 2007
quarta-feira, 4 de abril de 2007
alinhado
Agora posso ir ao almoço de Páscoa sossegado porque a família não vai fazer comentários sobre o meu ar "negligé". Vou até inspirar-me no "My Sweet Lord" para assim poder passar por um delicioso "chocolate Jesus" de metro e setenta e cinco, meia barriga, aspecto quarentão juvenil. Sou bem capaz de vestir um "pullover" laranja, colocar um pouco de gel no cabelo e, se der tempo, ainda recebo o Senhor, que lá na aldeia ainda há o "Compasso", a visita pascal, e provavelmente darei mais uma prova da minha inenarrável condição de anarquista alinhado.
domingo, 1 de abril de 2007
devaneios
sábado, 31 de março de 2007
conversas filiais
quarta-feira, 28 de março de 2007
copy paste release
terça-feira, 27 de março de 2007
Carvalhos, Pedroso, V N Gaia
O jornal "A Bola" deu a notícia com o devido destaque e assim Pedroso voltou a entrar no mapa noticioso de Portugal. Por outro lado, os clubes locais continuam nos seus campos, os jovens da freguesia continuam a formar equipas e a treinar nos descampados e os pais afirmam-se orgulhosos do Símbolo da freguesia.
Entretanto nos Carvalhos tudo continua na mesma. A Feira semanal realiza-se às quartas-feiras, os bombeiros funcionam e o centro de saúde também, e a Papelaria e o talho do Sr. José mantêm os seus clientes, apesar da concorrência. As três lojas de telemóveis prosperam e as três farmácias garantem um serviço quase ininterrupto. Os bancos atendem o público a horas habituais e os restaurantes e cafés enchem na hora de almoço. Nada a apontar, tirando o marasmo intelectual e político. Tirando o facto de Carvalhos continuar subjugado ao presidente da Junta de Pedroso, que era do PS e depois ficou Independente e consta que vai recandidatar-se como militante PSD. Tudo isto a bem da harmonia política do concelho.
E Carvalhos continua na sua pacatez quotidiana, sem qualquer obra de melhoramento, sem qualquer equipamento público, apesar de se encher cada vez mais de vida, de comércio e de população. Contradições.
e o Salazar?
Foda-se! Não vejo nada. Desde que se me partiram os óculos eu ando a ver cada vez menos televisão e acho até que nem vou comprar outros porque assim oiço mais rádio. Se os portugueses gastassem mais tempo a ouvir rádio acho que ficavam menos estúpidos. Já a minha professora de Inglês do nono ano, a professora Odete, me dizia que eu era um miudo inteligente porque ouvia muito a Rádio. Nos tempos pré-"oceano pacífico", esse pastelão de música para quarentões frustrados. Nos tempos do "dois pontos" e o "morrisson hotel" e do "pão com manteiga". No tempo em que o canal público de televisão abria à tardinha e ainda passava o "TV Rural". Agora a malta perde-se nas imbecilidades televisivas. Perde-se com as novelas da teta e com os "espectáculos da realidade". E curiosamente, os especialistas na coisa comentada também sabem daquilo. Eu é que ando aqui a mais. Parti os meus óculos, que me davam um bom ar aliás, e deixei-me de ver televisão. Incluindo futebol, que vejo cada vez menos.
Estou a transformar-me num pária sem remédio. E o Salazar? Consta que via pouco televisão!
domingo, 25 de março de 2007
Oh come with me to the sea
To the sea, the sea of love
I wanna tell you how much I love you
Do you remember when we met?
That’s the day I knew you were my pet
I wanna tell you how much I love you
Come with me, my love
To the sea, the sea of love
I wanna tell you how much I love you
sábado, 24 de março de 2007
testemunhos
Maria Teresa Mendes abordou o tema da Motivação e discorreu sobre o assunto de forma leve, não obstante ter focalizado os principais tópicos de reflexão sobre essa coisa monstruosa que é o insucesso escolar. De entre várias frases de efectivo interesse para os pais, captei esta: " no primeiro ciclo as crianças aprendem para ler, a partir daí lêem para aprender". Ora aqui está a chave da coisa. Como pai, e se me permite o amigo que me eestá a ler, a solução para combater o insucesso escolar está precisamente aqui: ler, incrementar o interesse dos nossos filhos pela leitura. Para além de todas as coisas que os pais acham que devem proporcionar aos filhos, o incentivo pela leitura deve ser o primeiro de todos os "bens". Inundem a casa de livros, esqueçam as velas decorativas, as casquinhas, os limoges e os belos naperons, povoam a mesa de centro da vossa sala com livros, peguem nos livros quando estão a ver televisão, marquem os livros, levem-nos para a casa de banho, e no vosso quarto, em vez de lindos enfeites, ponham livros na mesinha de cabeceira, com marcadores, mesmo que não tenhais muitos hábitos de leitura. A estratégia tem de ser essa, porque todos sabemos que nos dias de hoje as crianças não têm tempo para ler, nem sequer têm espaço psicológico, de silêncios, para pegar num livro. Mas o vosso exemplo vingará, estou certo. Pensem nisso.
quarta-feira, 21 de março de 2007
regressos
terça-feira, 20 de março de 2007
perdido
segunda-feira, 19 de março de 2007
das minhas vaidades
Alguns anos depois veio o Alexandre e as sensações repetiram-se. Hoje a Cat já está na universidade e o Alex vai receber um diploma de honra e excelência em cerimónia a realizar na próxima sexta-feira. Os meus filhos são lindos! eu sinto-me lindo também. Eu sou pai e sou abençoado. Palmas para mim.
sexta-feira, 16 de março de 2007
absinto
I feel shot right through with a bolt of blue"
quinta-feira, 15 de março de 2007
metamorfoses
quarta-feira, 14 de março de 2007
o seu a seu dono
António Lobo Antunes foi premiado com o Prémio Camões 2007. Justiça para o maior escritor de língua portuguesa vivo, que de entre os que eu conheci em vida só Torga lhe levava a palma.
A primeira vez que ouvi falar em Lobo Antunes foi pela voz de uma professora de filosofia, a Dulcinea , uma gorda estupidamente "coquete" para ser professora, quanto mais professora de filosofia. Uma armante que num ano criticava as pessoas que faziam croché, apelidando-as de doentes mentais, para no ano seguinte fazer os maiores elogios a essa actividade só porque resolvera pegar numas agulhas. Ora essa Dulcínea recomendou-me o "Cú de Judas", porventura na moda à época, e Lobo Antunes ficou-me até hoje.
Já casado, eu lia as crónicas publicadas numa revista dominical do jornal "Público", um portento de escrita ali escarrapachada semanalmente e quase grátis. E depois os outros grandes livros até ao último. Dos que eu li, o que mais gostei foi o "O Manual dos Inquisidores".
Delicioso de ler é também o "Cartas de Guerra" que eu apenas espreitei à boleia da Fnac de Gaia numa manhã de inverno. Mas eu hei-de ter esse livro!
E da Dulcinea, essa gorda que deve estar velha e cheia de tendinites, eu guardo-lhe a única coisa boa que ela me disse.
E depois, para além de todas as coisas, Lobo Antunes é benfiquista, ou seja, não tem defeitos. Não padece dessa disfunção intelectual dos novos escritores portugueses que cegaram demasiado cedo.
terça-feira, 13 de março de 2007
sobrevivências
O poker ensina-me a sobreviver.
segunda-feira, 12 de março de 2007
segunda-feira
sábado, 10 de março de 2007
vamos morrer todos
quinta-feira, 8 de março de 2007
essa gaja
quarta-feira, 7 de março de 2007
gordo outra vez
Nos últimos dias já me sentei em belos manjares, porque saiba o leitor que na região do Oeste come-se divinalmente bem e bebe-se ainda melhor. E ainda por cima sinto-me cada vez mais apaixonado pelo Touriga Nacional. E quando um homem se apaixona pelo Touriga Nacional, e se não fizer entretanto umas caminhadas valentes ou se não comer ginásio à colherada, é certo que nele se verifica o inútil avantajar do pescoço, o imbecil embolar da barriga, o inchaço ardido das coxas e, pior ainda, fica com nádegas de gaja. Nada contra as nádegas de gaja, mas nas gajas!
Depois os queijos, os enchidos e os fumeiros tocam na mesma orquestra do Touriga e dançam-nos longas valsas de calorias ritmadas em compassos quaternários, para tornar mais longo o suplicio de engordar, e, mais ainda, ganzar-nos o pensamento de tal forma que só ao fim de três semanas e meia é que damos conta de que já quase não conseguimos ver a tringalha a partir de cima. Uma desgraça!
terça-feira, 6 de março de 2007
domingo, 4 de março de 2007
sabores
quinta-feira, 1 de março de 2007
Manuel Bento
da lua
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
papiros
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
equívocos
domingo, 25 de fevereiro de 2007
cinema vivo
sábado, 24 de fevereiro de 2007
procuro
Preciso de um instante mágico que me cale a dor de ser rascunho de mim mesmo.
Não me entendo! Só me vejo em leves traços e não consigo sair deles.
Quero ser obra acabada, colorida e não pesada, sentida.
Quero ser viagem terminada, tão longe me sinto nesta paragem.
Quero boleia porque perdi minha jangada. Não sei dela.
Os farrapos que me vestem assustam os passantes e nem os gatos vadios, meus amigos, me ajudam mais.
Estou dorido, cansado, mergulhado no meu desenho. Perdido...
Não sei que cor escolher, não sei que traço tomar.
Tenho de continuar.
Tenho de continuar...
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
repassando
E dizia-te eu que ando com caganeira, pronto. E sempre que assim me encontro, vem-me à memória aquele Parvo do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente que era ourives e dramaturgo e não foi tido nem achado nas eleições do tal maior português de sempre. Se calhar porque ninguém o conhece de lado nenhum, é claro, porque os parvos de hoje são bem diferentes, escrevem coisas girissimas e imitam figuras públicas e fazem anúncios a companhias de telefones e tudo, e não têm tempo para falar de pessoas doutro tempo.
Pronto, pronto, não seja por isso e mudando de assunto, ontem vi um grande filme sobre dois amantes que se encontravam uma vez por ano, sempre no mesmo sítio, durante 25 anos e que se conheciam como se vivessem uma vida inteira juntinhos, eram solidáros, honestos... Isto para explicar que, como me disse alguém sobre um livro que falava de uma criança condenada com cancro terminal e que alguém lhe proporcionou uma vida integra, com casamento e tudo, plena, passada e vivida em tão pouco tempo de vida real, os casamentos seriam bem mais honestos, sãos e duradouros, se cada um de nós pudesse hibernar deles 364 dias por ano.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
regressos II
Já hoje, e depois do banho, e do desprezo pela minha barba de três dias, atirei-me a uma feijoada com focinho de porco e orelheira, bebi um Alentejo tinto e tomei três cafés de enfiada. Amanhã é o início de quarenta dias de Quaresma, de jejuar, de combater o excesso de peso até à Páscoa do pão-de-ló e dos folares. Hoje é terça-feira gorda e ninguém está autorizado a pensar em bandas gástricas. E é assim perdidamente, a ouvir o som do ventilador do meu computador, que me despeço dos quarenta anos redondos. Amanhã só paro nos cinquenta!
E a minha filha acabou agorinha mesmo de acordar do seu soninho e veio aqui dar-me um repenicado beijinho de parabéns. Tão Bom!
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
regressos
E entretanto amanha, dia 20, é Carnaval. E é o dia do meu aniversário (e de Kurt Cobain que foi mais inteligente do que eu suicidando-se desta merda toda).
O dia em que eu farei quarenta e um anos sem ter culpa alguma disso. E serei sempre inocente de fazer anos enqunto me sentir salvo pelos meus lindos cachos, pelo meu olhar de puto meigo e pelos os meus belos lábios que foram desenhados por um deus do Olimpo, disse-me uma vez certa pessoa. Fazer quarenta e um anos não pode ser o mesmo que andar para trás indo para a frente. Não senhor. Fazer quarenta e um anos pode e deve ser entendido como uma pequena etapa desta eterna juventude que me preenche.
domingo, 18 de fevereiro de 2007
sábado, 17 de fevereiro de 2007
desta lisboa que eu amo V («Nobody is illegal»)
Depois de uma tarde desastrosa, com chuva e frio, uma sexta-feia condenada ao fracasso, afinal salva por um triz. Melhor dizendo, salva por um trio.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
desta lisboa que eu amo IV
- Qual é o seu carro? O “MB”? Olhe, ponha só uma moedinha para eu não ter problemas que eu faço sempre esta zona.
Obrigado “amarelinho”. Trata-me bem do carro
desta lisboa que eu amo III
Mau, muito mau. O que se passa com estes restaurantes tradicionais? O gerente estava perdido a tirar leituras parciais, a ver a facturação, e o staff deambulava pela sala, descontraído, relaxado, e os clientes pareciam nem dar por isso. Pudera! A maioria era constituída por casais de namorados que tinham ido ali comer o menu de S. Valentim e não estavam para mais nada nem ninguém. A bem do amor.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
valentim saudade, valentim aos molhos
desta lisboa que eu amo II
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
desta Lisboa que eu amo I
De maneiras que estava eu dizendo, ando sem sono e não me dá para ver televisão nem me apetece ler nada, nem um título de jornal (neste caso devido ao meu angustiante benfiquismo) e pronto, dá-me para isto, ler os dois blogs do costume (agora são três) e atirar-me a escrever qualquer coisa, quando muito com a serventia de um dia destes eu desfazer-me em sorrisos meigos, em relendo estes disparates de um vendedor de província em plena capital da nação.
De facto, e em boa verdade, estou um tanto estremunhado do sono, uma vez que me deu para passear de carro pelas avenidas novas de Lisboa, concluindo afinal que isto também tem as suas noites mortas, principalmente quando estamos imbuídos de um verdadeiro espírito de cangalheiro. Mortiços em demasia e sem inspiração relevante para combater esta espécie de tédio dos deslocalizados.
Bom, caros tele-espectadores, como dizia o Engº Sousa Veloso, obrigado a todos e até ao próximo programa ( até que o calaram - oxalá façam o mesmo ao Malato! E breve!).
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
desta lisboa que eu amo (- I)
E depois, os jantares nas portugálias da cidade. Esta Lisboa está infestada de casas de "fast food", que eu não gosto de caracóis e por isso, por mais que pense, acabo sempre numa portugália qualquer e a comer um bife qualquer com um molho qualquer e umas batatas fritas quaisquer. Foda-se lá para esta lisboa gastronómica. Falta-me a rojoada, a cabidela, o cozido e a sandes de marmelada com queijo. Estou farto, fartíssimo, do queijo saloio e das embalagens de manteiga rançosa. Quero mais. Quero larocas e pataniscas de bacalhau. Quero consumar o êxito da venda numas tripas à moda do Porto e quero brindar com um arroz de sarrabulho ou um leitãozinho da Bairrada.
Por outro lado, estou a ficar cansado dos pequenos-almoços do hotel onde estou. O café sabe a bugalho, o queijo parece ser sempre a mesma fatiagem e os ovos mexidos são para os bifes, não são para mim. Quero meias-de-leite decentes, directas. E café Buondi. Aqui é só Delta, nabeiros do caraças! E chávenas cheias que nem sopas. E no meio disto tudo há a "Emel", uma organização terrorista legalizada que me esturra as moedas sobrantes. Mas destes gajos não falo, porque estou na lista negra deles. E não pago!
Esta Lisboa que eu amo é terrivelmente avassaladora nos costumes, sedutora nas feições e muito cruel nas tradições. Ou comes disto ou então vai lá pra tua terra mais esse teu sotaque tripeiro. Esse "fica aqui à minha beira" que ninguém usa, esse "entom" á moda de lá de cima...
Mas duma coisa eu gosto: o "cala-te lá". O "cala-te lá" alfacinha é único. Quando o oiço tremo de prazer e quando o digo parece que estou a perder a virgindade. O "cala-te lá" é para mim um perfeito quinto orgasmo. Completíssimo.
Ah!, pronto! Isto é só a Nauticampo Em Lisboa, numa semana de Fevereiro, o meu mês, e com vendas que se fazem, entretanto. Viva a minha condição de poeta vendedor. Um bem haja a mim e obrigadinho, sim?
domingo, 11 de fevereiro de 2007
desta lisboa
Queria tanto comprar um casaco de couro novo, elegante, muito minimalista e arrebatador...
sábado, 10 de fevereiro de 2007
arrivals
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
das crias
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
eterno feminino
tubarão ou esquilo?
O Paulo Querido tem ideias. É um jornalista de ponta, especializado nas novas tecnologias da informação e tem ideias. já tinha criado o Weblog.pt, um projecto ambicioso de alojamento de blogs portugueses e que entretanto faliu, está à deriva, levando muitos e bons bloggers a uma espécie de orfandade temporária. Agora surge com outro projecto, segundo o Público (edição impressa). Um novo projecto que visa imprimir um cunho ainda mais corporativista aos blogs.
Um blog pode ser o que eu quiser e bla bla bla...Um blog tem potencial, é bom, é independente e é grátis. Mas passa a ser utopia a partir do momento em que se tenta arregimentar este estado de pureza que é o estado actual dos blogs, salvo um ou outro caso, transformando-os numa máquina organizada de fazer dinheiro. Uma corporação.
Não quero ser severo para com os autores de tal ideia, mas assumo desde já que continuo independente, que me assumo cada vez mais como um cidadão-jornalista que participa, que procura encontrar respostas e partilha-las sem com isso estar á espera de remuneração directa, e que entretanto também é capaz de chorar e de rir e de ser banal ou azedo.
Não estou, portanto, interessado em negociatas nem pretendo vender a minha alma por dois vinténs. Arregimentem-se à vontade. Eu continuarei na minha onda predilecta: livre!!!!!!
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
Hoje tive um sonho
- Aperta-me num abraço e deixa-te estar quieto.
domingo, 4 de fevereiro de 2007
elucubrações de um miúdo de 40 anos com dores de garganta, num domingo à tarde sem sol
Já deu para notar que ainda nem tirei o pijama, não tomei banho, nem fiz a barba, nem essas coisas todas que aos domingos nunca têm hora certa. Mas vou fazer. E vou sair para ler jornais e tomar café expresso e ainda vou fazer umas compras no Lidl.
Entretanto, hei-de ganhar coragem para ver um filme. E não estou certo de que vá ver o “diz que é uma espécie de magazine” que esse programa lembra-me o Nuno Gomes, o tal que diz que é uma espécie de Goleador…Entretanto, já percebi que aqueles rapazes do Gato Fedorento fazem quase sempre uma coisa interessante durante aquele programa, e normalmente essa coisa aparece depois nos blogs, via “you tube”. Isso é bom. Poupa-me tempo.
Já o “Só Visto” por exemplo, é um programa magazine que eu vejo, e cada vez com maior gosto. O apresentador chama-se Daniel Oliveira e oxalá não se estrague. Faz sempre boas perguntas, é coerente e muito simples no trato. Tem ali um bom programa, não obstante ser um programa de celebridades. Não obstante os Tony Carreiras e os André Sardés da nossa praça, e os Vítor Baías e os Simões Sabrosas, célebres à força, coitados, que a vida deles estava destinada a um arado transmontano e a uma traineira da Afurada…
Pois, é verdade…o Futebol Clube do Porto perdeu novamente. Isto sim é uma grande notícia! Como é que foi possível ter-se anulado um golo fora-de-jogo ao Porto quase no final da partida? Como é que foi possível não se ter marcado falta no lance do golo do Estrela? Como foi possível não se ter marcado um penalty a favor do Porto? Tivesse sido mais cedo o jogo do Sporting e talvez o árbitro do Porto aprendesse como é que se conduz uma equipa derrotada rumo a uma goleada em apenas 15 minutos!
sábado, 3 de fevereiro de 2007
das respostas
do referendo, e sobre os debates...(a propósito!)
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
I fall in love too easily II
...Vou continuar a sorrir para o mundo, com todas as minhas limitações, mas cheio de ingénuas esperanças e convencido de que o mundo é bom e a vida é bela.
E continuo proclamando-me inocente de todas as desilusões que me causei e sinto-me com coragem para me perdoar todas as traições que me fiz...
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
escolhi
E deixei de fumar, como sabem. Tomei essa decisão porque ando a ouvir falar-se muito em “liberdade de escolha”. E também escolhi cortar com o álcool e com as manteigas e o leite meio-gordo. Só magro, pronto.
Estou a ficar um conas, eu sei. Mas pronto, escolhi ser assim.
técnicas da praça
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
a boa acção
Uma boa acção pois claro. Quem não a faria?
efeitos de poesia
entretanto, jantei perdizes regadas com xisto, um douro magnífico. o melhor douro dos nossos dias, pois claro. e também bebi scotch velho sem gêlo. fui burguês, mais uma vez. e gostei, desculpem a sinceridade. e fumei um "partagas", apesar de já nem sequer fumar tabaco.
não fumei mais nada...
deixei-me ficar aqui muito quieto a pensar na possibilidade infinitamente menor de perspectivar a vida feita de outros sentidos, outras sensações. digamos que me estou a ver a amar uma outra forma de amar. uma estranha atração por um gostar dilacerado pela escravização do não consumar, do não obliterar o amor.
estou morto...e vivo. sinto-me vivo, apesar desta contradição. sinto-me muito vivo.
amanhã, hoje afinal, vou procurar cantar sem saber se vou sentir saudade.
sei que vou te amar eternamente, ó minha forma de sol. ó minha melodia destas manhãs frias. ó minha graça de infinitas contradições. sei que o céu existe e não quero perguntar-me de que serve o vento da tarde e a brisa da manhã.
sei que o meu caminho, sozinho, trespassa a acalmia dos teus dias, marca as tuas lágrimas e serve de timoneiro para os teus desencontros.
ah, que bela noite fria de janeiro. ah, que boa sensação de poesia me está invadindo...
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
conversas no café
- Acho que não. Eu, se deixasse tudo para trás, seria como se tivesse resolvido optar, simplesmente, por deixar tudo para trás. Não penso, portanto, que isso fosse uma loucura. Nem uma prova de amor. Seria apenas uma opção. Sempre uma opção…
- Isso parece-me, e vais desculpar-me, uma forma muito artística de contornares o problema. Ninguém deixa tudo para trás apenas por simples opção. Tem de haver algo que motive uma pessoa a dar esse passo.
- Concordo. No meu caso, por exemplo, não encontro maior motivação do que a atracção pelo vazio, pelo desconhecido. Chegar lá, a esse lugar, obriga-me a optar por deixar tudo para trás.
domingo, 21 de janeiro de 2007
não há como negar
sábado, 20 de janeiro de 2007
receita única e não comparticipada
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Jornalista portuguesa desaparecida no Líbano
quinta-feira, 18 de janeiro de 2007
Do Aborto, e porque não vou falar mais disto
Não quero saber de mais nada, das liberdades da mulher e dos abortos clandestinos e das parcas condições em que muitas mulheres vão abortar. Não quero saber. Abortar é da consciência de cada um. Eu não quero contribuir para que se legitime essa consciência. Se uma mulher não quer ter um filho apenas porque não, apenas porque ela manda, eu não posso legitimar o direito a que se aniquile uma vida sob pretexto de que a mãe tem o direito de, ou seja, não me estou a ver contribuir para que se autorize uma mulher a pensar durante quase dois meses e meio se quer continuar a deixar que uma vida se desenvolva.
E não me venham com as más condições com que muitos abortos são feitos por serem clandestinos. Más condições para quem? Para a mulher? A criança que vive dentro dela morre na mesma, seja num vão de escada, seja na mais confortável clínica.
O aborto é um processo que envolve dois seres humanos sendo que, à partida, só um está condenado a não viver: a criança. Aliás, e segundo o futuro quadro legal, a essa criança é-lhe retirado o direito de viver apenas por e para mero conforto de quem decide.
Não consigo dizer sim a tal legitimação para que se mate apenas porque não se quer ter mais um filho, seja porque fica caro, seja porque dá chatices, seja até porque esse filho é menino e a mãe queria uma menina. Para que se deite fora uma vida apenas porque não se quer o incomodo de ter de lidar com essa vida.
terça-feira, 16 de janeiro de 2007
james harries
"now I know you are a woman so you won't believe me
when I tell you, you were the most beautiful girl I've ever seen
yeah you with no make-up your coat hemmed with mud
I felt myself instantly falling in love
but you finally clinched it when you flicked your hair dry
and turned around slowly and looked deep into my eyes
your eyes entranced me a deep Spanish brown
in which a grown man could happily drown"
James Harries, "Café del Mar"
dedicado a quem anda a ler Kundera.
domingo, 14 de janeiro de 2007
crónica de um domingo morno
Uma bela tarde, sem dúvida, passada a caminhar pelo longo passadiço que liga a Granja a Espinho. O mar estava mais ou menos calmo e as gaivotas povoavam as rochas da praia e faziam plateia, muito viradas para nós que passeávamos cá em cima, como se estivessem a ver uma corrida ou uma maratona. Do lado nascente passavam comboios vazios de gente e num ritmo descontraído, e ao fundo via-se Espinho das tardes de domingo, cheio de gentes com filhos e netos, pesadas e magras, altas e anafadas. Uma espécie de gente imortal, que se desloca para ali em carros enfeitados com naprons e terços de rezar. Muitos nem chegam a sair do carro. Ficam a dormitar virados para o mar, ou a ler os suplementos do Jornal de Notícias, o verdadeiro ícone literário da maior parte do povo-das-tardes-de-domingo-das-praias-de-Gaia-e-Espinho.
E no percurso inverso, de Espinho para a Granja, as mesmas pessoas e uma quase vontade de dizer "olá como vai", como se estivéssemos em contacto directo com excelentíssimos vizinhos. Jovens casais em ritmo apressado e quase sempre com um filho de colo, passeavam risonhos. Velhos com ar descontraído enchiam excelentes fatos de treino e ofegavam na pressa de se sentirem saudáveis. Raparigas sós ou acompanhadas aos pares, lembrando as antigas romeiras, pareciam procurar namorado no meio das gaivotas. Já não há namorados para estas romeiras. Apenas gajos que se enchem de carros artilhados com música de Tony Carreira ou com rap francês foleiro e que combina com os bonés de pala, os “yós” e os charros mal enrolados.
Uma bela tarde, sem dúvida, esta caminhada no passadiço. E as dunas estão boas, asseadas, e o mar insiste em tirar-nos a areia da praia, desnudando as pedras negras como se elas fossem rés sem pudor, expostas e condenadas.
O mar não se importa porque entende que não castiga. O mar não tem passadiço e desloca-se à toa. E nós ali em cima a passear, como se toda a nossa vida fosse um simples passeio à beira mar.
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
Nós queremos Sol
Digamos que vamos entrar no verdadeiro primeiro fim-de-semana de 2007. As festas estão definitivamente encerradas, árvores de natal desmontadas, e os saldos rebentam por aí como cogumelos enquanto não chega o dia dos namorados e o carnaval, duas marcas de consumo verdadeiramente institucionalizadas. De modo que, em chegando à terrinha, a noite acende-se no calor dos amigos e da cerveja gelada. Mais a vodka e um ou outro gin, se for caso disso.
"Em Janeiro, salto de Carneiro", dizia a minha avó. Os dias começam a arrebitar e convenhamos que é bom que arrebitem. Estamos preparados para um novo ciclo, à espera da primavera e de arrumar com os pijamas quentes e as botijas de água e as mantinhas de lã. Nós queremos sol. Somos um país que se deprime se não houver sol e calor.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
quarta-feira, 10 de janeiro de 2007
estes Janeiros
E nestas horas de sossego quase sossego, olho para a noite e vejo as luzes das casas e das estradas e dos carros que passam com gente, por vezes vazios de mais, e estendo-me numa preguiça boa enquanto fumo um cigarro. Os ruidos da estrada nacional 1 fazem-me companhia e sei que o sol ha-de estar a chegar para que as luzes se apaguem.
É assim que começam todos os Janeiros das nossas vidas. Devagar, tranquilamente, porque tudo se ha-de compor. Tudo pode ser perfeito se contarmos com o solinho que nos aquece e nos alumia.